O Centro Histórico revela que a cultura está viva e não é só coisa de museu e sala fechada. O Maranhão é um espaço de transição interessante entre o Norte e o Nordeste, que resulta numa cultura mista e ao mesmo tempo singular. Traz a marca das colonizações holandesa, francesa e portuguesa, e a resistência de povos indígenas e quilombolas. A capital, São Luís, tem muitos apelidos, dentre os quais Atenas Brasileira, Jamaica Brasileira, França Equinocial e Cidade dos Azulejos. Nomes que já entregam um pouco do que esperar deste lugar que entrou para minha lista de favoritos.

Uma das primeiras coisas que gosto de fazer quando chego a uma capital é visitar o mercado municipal (ou mercado central, como é chamado em alguns lugares). Em São Luís, porém, senti que a Casa das Tulhas (R. da Estrela, 171) cumpre melhor a função de apresentar a cidade. Trata-se de um mercado circular do início do século XIX em que se amontoam bancas de cachaça, camarão, artesanato e outros produtos regionais. Ótimo para almoçar ou encontrar a galera pra fazer um esquenta.
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Ficamos hospedadas na Casa Frankie (Rua do Giz, 394) casarão antigo e todo reformado, a 300 metros do Mercado Central. A hospedaria conta com uma piscina, churrasqueira e cozinha compartilhada. As diárias saem a partir de R$100 para o casal. Dá vontade de adiar as explorações turísticas e ficar curtindo o ambiente.

O Centro Histórico é colorido, ainda mais na proximidade das festas juninas, que enfeitam as vias de bandeirinhas. A cultura em São Luís se movimenta, está nas muitas galerias, nas roupas, nas ruas.

Saia rodada de chita, sandália de couro, camisa de algodão, bolsa de crochê, chapéu de palha. São Luís se veste de cores e jeitos muito próprios. Uma cultura não difundida apenas entre os mais velhos, mas também – e talvez até com mais afinco – entre os jovens. Em um estado que mais de 70% da população se declara negra, o black power domina, junto dos rastas e das tranças. Bem como na Bahia, o sincretismo entre o cristianismo e as religiões de matriz africana é fortíssimo.