Posso dizer que minha pesquisa sobre as rotas disponíveis para subir o Kilimanjaro foi limitada. Já havia lido sobre a rota Rongai quando a Dri Miller esteve lá e achei interessante. Essa rota, única que sobe pela parte norte, tem menos pessoas, mais oportunidades de aclimatação, é menos extenuante e passa por diversos ecossistemas. Quando vi que a agência escolhida (a Morgado Expedições) fazia a expedição exclusivamente pela Rongai, preferi não explorar as outras rotas. Acredito que, a menos que você tenha tempo e dinheiro para subir o Kili várias vezes, é melhor celebrar o que vai ver ao invés de lamentar o que não verá. Filosofia barata! : )
(foto em destaque no início do post: nascer do sol no dia 3, no Kikelewa Camp)
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Portanto, não posso opinar sobre as outras rotas, ok? Nem mesmo a Marangu, que usei para descer. Isso porque o ritmo de descida é muito diferente da subida. Vou abordar de modo objetivo cada dia da subida pela rota Rongai e da descida pela rota Marangu para que você tenha uma ideia do que esperar se decidir subir o Kili pela rota Rongai. Vou focar na trilha, não nos acampamentos (isso virá em um outro post). Em geral, a rota Rongai é para quem está disposto a acampar, em barracas (sobre banheiros, falarei em um post dedicado à infraestrutura do acampamento).
Dia 1
Chegamos ao portão da rota Rongai (Naremoru) por volta do meio dia e almoçamos antes da caminhada. Lá conhecemos toda a equipe que nos acompanharia na expedição. Começamos a caminhada por volta da uma da tarde, após ajustar as mochilas e equipamentos. Altitude: 1800 metros.
A trilha passa por plantações de batata e milho, além de uma linda floresta de pinheiros. A subida é leve, em terreno batido e com pedrinhas, mas já bastante poeirento (a bota fica marrom na primeira hora). As plantas vão diminuindo de tamanho gradualmente e, cerca de 4 horas após a partida, chegamos ao Simba Camp, nosso primeiro acampamento. Altitude: 2600 metros. Um bom começo!
Dia 2
Um dia longo. Saímos do Simba Camp por volta das 8:30 da manhã. Nos primeiros metros, tivemos nossa primeira vista do Kilimanjaro! Uau! A vegetação é densa, mas “baixa”: muitas moitas e pequenas árvores. A subida não é íngreme, mas é contínua e bastante cansativa. Cerca de 3 horas depois, chegamos à Second Cave (passamos pela First Cave antes, mas nem paramos), onde fizemos uma pausa para o almoço. Foi incrível almoçar com o Kilimanjaro ao fundo!
Após o almoço, mais 4 horas de caminhada nos levaram ao acampamento: Kikelewa Caves. Já estávamos acima das nuvens, a 3600 metros de altura, e o pôr do sol foi incrível (quando o sol se pôs, esfriou bastante). É curioso que esse acampamento é inclinado, então durante a noite, o saco de dormir “escorrega” e acordamos com os pés na “porta” da barraca.
Dia 3
Saímos de Kikelewa por volta das 9 da manhã. A caminhada nesse dia foi curta, mas árdua, bem íngreme e com muitas pedras. A vegetação vai se tornando cada vez mais rasteira. Foi nesse dia que saímos da rota “oficial” e iniciamos nossa aclimatação em um braço da Rongai. Caminhamos cerca de 3 horas e chegamos ao Mawenzi Camp, a 4300 metros de altitude. Tivemos uma aula de alongamento com a Kathy (uma das líderes da expedição), almoçamos e tivemos a tarde livre, embora estivéssemos proibidos de dormir à tarde (por causa da aclimatação). O dia seguiu normalmente: café/chá, jantar, conversa e barraca, para dormir cedo.
Dia 4
Dia de aclimatação. Não seguimos a trilha nesse dia, mas fizemos uma caminhada alternativa de 3 horas pelo Monte Mawenzi, até 4700 metros de altitude, e retornamos ao mesmo local, onde passaríamos mais uma noite. Essa caminhada foi no período da manhã, bastante difícil e íngreme (um aperitivo tanto para a subida quanto para a descida do cume), e, mais uma vez, tivemos a tarde livre. O resto do dia seguiu normalmente.
