Antes de ir para o Kilimanjaro, eu nunca tinha acampado. Repito: nunca! Nunca havia dormido em barraca, nunca tinha sequer entrado em um saco de dormir, nunca tinha ficado “no meio do nada”. E isso foi uma das razões pelas quais eu adiei essa viagem por alguns anos. Apesar de eu querer muito encarar o desafio, eu tinha mega preguiça quando pensava que teria que acampar. Então, esse post é pra você, que como eu prefere um hotel bacaninha, mas que tem aquele espírito aventureiro despertando e vencendo a vontade de comodidade o tempo inteiro.
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Nós dormimos em acampamento por 6 noites em 5 campings, sendo que 2 noites foram no mesmo lugar e uma noite apenas descansamos algumas horas antes do avanço ao cume. No Kilimanjaro você não pode acampar em qualquer lugar, é obrigatório “assentar” nas regiões determinadas, que os guias conhecem. Todos esses campings funcionam da mesma maneira: vai chegando, vai ocupando. Ou seja, há o risco da sua expedição chegar e já ter gente lá, então quem chega depois precisa se virar com o espaço que ainda está disponível.
No nosso caso, não dividimos o camping com ninguém na primeira noite. Na segunda noite tinha uma outra expedição muito pequena, e o camping era grande o suficiente para ficarmos bem afastados. O mesmo aconteceu nas duas noites seguintes. No camping de base para o cume só tinha a gente, e no último, já fazendo o caminho de volta, tinha mais gente, mas também era enorme. Ou seja, é pouquíssimo provável que a sua expedição fique sem espaço. E os guias já fazem isso há anos, sabem como dispor as barracas para melhor aproveitar os espaços e sabem o que fazer caso esteja lotado.

Na nossa expedição, cada barraca era ocupada por 2 pessoas. Quem vai sozinho e quer uma barraca inteira, precisa pagar uma taxa. Dentro da barraca sempre tinham 2 colchonetes (eu achava que não teria nada e levei daqueles colchonetes infláveis que acabei não usando, virou peso extra, então verifique com a sua agência se você deve ou não levar), e o espaço tinha que ser milimetricamente organizado. Colocávamos as duffle bags (que são as malas levadas pelos carregadores, onde ficam as coisas que só precisamos acessar de manhã e a noite) nas laterais e nossos sacos de dormir no meio. Dessa forma, criávamos uma “barreira” e não ficamos junto a “parede”, que fica gelada durante a noite. E ficar um encostadinho no outro dentro da barraca também ajuda a combater o frio!


As barracas ficam bem do lado uma das outras: você escuta todos os barulhos dos seus vizinhos. Portanto, quem tem sono leve, é aconselhável levar tampão para orelha. Você escuta roncos, conversas e o barulho do zíper da barraca abrindo e fechando durante toda noite, quando a galera vai no banheiro.
Falando em banheiro… vou contar tudinho, porque sei que essa é uma grande preocupação da galera. Minha expedição tinha 4 tendas de banheiro. A “privada” lembra muito uma privada normal, que temos em casa. Mas é claro, não tem esgoto. Então você faz o que tem que fazer, aí puxa uma tampa, a qual abre um fundo falso, e as necessidades ficam armazenadas nesse fundo. E então você fecha a tampa. Tinha uma pessoa na nossa equipe de apoio apenas dedicada a limpar os banheiros, mas mesmo assim, o cheiro fica forte muito rápido, porque tudo fica nesse fundo, que é pequeno. Esses banheiros portáteis eram bons assim que chegávamos no acampamento e eles estavam limpos (a equipe de apoio sempre chegava na nossa frente e tudo estava pronto para nos aguardar), mas depois de algumas horas eu achava insuportável. O que fazer então?
Para fazer xixi, eu procurava um matinho. Todo mundo perde a vergonha logo no primeiro dia, e as meninas acabam se ajudando muito. eu sempre ia com alguma amiga procurar um cantinho reservado, e uma esperava a outra. Mas para fazer cocô? É proibido fazer número 2 no entorno dos campings (você pode fazer na trilha, até porque não dá para ficar segurando as necessidades. Pare e vá fazer! Mas leve um saquinho de lixo com você para colocar o papel, que você então coloca no lixo quando chegar no acampamento. Não enterre o papel/lencinho umedecido!!!!). A boa notícia é que todos os campings, todos, tem uma fossa séptica. Uma casinha de madeira com um buraco, onde você acocora, faz o que tem que fazer, que vai parar láááá embaixo. Você também pode jogar o papel nesse buraco. O cheiro é desagradável, mas eu achava o dos banheiros portáteis muito pior. Essas casinhas com fossa tem ventilação em cima (um vão entre as paredes e o teto), e no fim das contas a maior parte das pessoas acaba optando por elas. A dica é: leve um pote de vick vaporub e coloque um pouco nas narinas e no bigode antes de ir. Pronto, você não vai sentir cheiro nenhum.
A noite, a gente acordava muito para fazer xixi, porque estávamos tomando Diamox, um diurético que ajuda a prevenir mal de altitude (mais sobre isso em outro post). Na primeira noite eu levantei e fui no banheiro portátil duas vezes, e o meu marido fez em uma garrafa (pee bottle), dentro da barraca mesmo. No dia seguinte conversei com as meninas e quase todas elas tinham um jeito de também fazer na barraca e não ter que sair da barraca (que é um porre): leve um pote plástico e um funil (como eu não tinha funil, cortei uma garrafa PET e usei o topo dela, que deu na mesma) e pronto! Eu deixava tudo prontinho na parte “externa” da barraca, que chamamos de “avancé”. É uma área deparada da parte onde dormimos, mas ainda coberta, ninguém de fora vê. Aí, de manhã, é só levar o pote (e os homens, as garrafas) e jogar o xixi no mato.
A barraca refeitório era onde fazíamos todas as refeições. É esperado que todo mundo sente junto para tomar café da manhã, almoçar e jantar. Ela é mais uma tenda do que uma barraca, e também podíamos ir pra lá fora do horário das refeições, pois sempre tinha água quente na térmica, café, chá e chocolate quente. Era o momento de confraternização, sempre com uma atmosfera ótima.


Todas as refeições são preparadas em outra tenda, onde funciona uma cozinha. Comemos muito bem todos os dias, pois a cada 2 ou 3 dias subia um carregamento com ingredient
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