Normalmente a gente só trata aqui neste blog da questão do turismo, mas como sempre tem muita gente que me pergunta sobre o assunto no post 8 anos morando nos Estados Unidos como eu vim parar aqui, resolvi republicar aqui um post sobre Trabalhar e Morar nos Estados Unidos que fiz no meu antigo blog pessoal, que era parte da série sonhar é preciso! Se você não leu o post de como eu vim parar aqui, um pequeno resumo e minha situação atual:
Eu vim para os Estados Unidos em 2004 com o visto de trabalho G4 (que é um visto especial para quem trabalha em organizações internacionais) como consultora de TI no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e de lá fui para Banco Mundial. Eu saí por três anos do Banco Mundial para trabalhar como Gerente de Projetos numa empresa americana, mas voltei em 2011 para o Banco Mundial para ser consultora de Gerenciamento de conteúdo e mídias sociais. Eu tenho o Green Card, porque me casei com um americano em 2006, mas poderia estar no visto G4 de trabalho do Banco Mundial até hoje.
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Fiz um vídeo lá no nosso canal do youtube falando muita coisa que escrevi aqui e algumas a mais, como tipos de vistos. Veja, se inscreva e faça perguntas por lá que vou tentar responder as dúvidas mais comuns num próximo vídeo.
Vir trabalhar nos EUA é o sonho dourado de muita gente, como foi por muito tempo o meu também. Mas a pergunta que muitos me fazem: Vale mesmo a pena? A resposta nua e crua é: depende! Depende de qual a sua situação atual (ou anterior a vinda pros EUA), do que você espera do futuro, de qual o seu objetivo vindo trabalhar aqui. Depende do quanto você se preparou, qual seu nível de escolaridade, qual a sua profissão (ou aspiração), que tipo de trabalho você espera conseguir, que tipo de vida você quer levar aqui. E além disso é preciso considerar: custo de vida, saudade do país, sua facilidade pra adaptação e pra fazer novos amigos.
O que ouço quase diariamente é um desejo incontido de fazer “qualquer coisa” nos EUA. Não importa “o que”, mas a grande maioria acha que nos EUA vai ser melhor. E a realidade chega pra muitos mostrando que não é bem assim. Como só sei escrever sobre o que eu vivo, tudo o que vou escrever aqui são as minhas experiências pessoais. Pr@s que moram por aqui e trabalham, independente da profissão, a sua ajuda pra enriquecer esse post é imprescindível. E eu não tenho pretensão de responder a pergunta com precisão, porque no fim das contas tenho mais perguntas que respostas, mas talvez questionando, eu possa ajudar outras pessoas. Então vamos analisar os dependes dessa história?
Qual a sua situação atual?
Empregad@? Desempregad@? Recém-formad@? Sem perspectivas de crescimento? Insatisfeit@ com seu trabalho atual? Quer levar sua carreira a um outro nível? Mais dinheiro? Experiência internacional? Quase todas as anteriores?
Qual era a minha situação antes de vir pra cá:
Trabalho em IT (área de informática) há 16 anos. Comecei como técnica de computadores, fui suporte técnico num provedor de internet no Rio de Janeiro e resolvi me dedicar a programação e Análise de Sistemas, o que me permitiu trabalhar em grandes empresas como Unisys, Globo.com, EDS e Bank Boston. Sempre como consultora, o que deixa as coisas um pouco instáveis, porque nunca se sabe até quando haverão projetos. Apesar de sempre ter projetos atrás de projetos, comecei a querer alçar voos mais longos. Tinha um salário bem acima da média, tive oportunidade de trabalhar com uma equipe internacional na Globo.com o que me deu alguma exposição ao inglês que eu já tinha tido algumas aulas num cursinho de inglês e depois de vir aos EUA por três vezes tentando um trabalho, estava mais que decidida que esse era o meu lugar.
O que você espera do futuro? Qual o seu objetivo?
Quer vir morar pra sempre? Ou apenas juntar algum dinheiro? Quer ganhar experiência pra aplicar no Brasil? Quer melhorar seu inglês? Não tem a menor ideia, mas quer vir assim mesmo?
Qual o era o meu objetivo?
Primeiro era ganhar experiência internacional, juntar uma grana (coisa que ainda não consegui fazer) e me afastar um pouco da violência do Brasil. Meu primeiro pensamento: não quero voltar pro Brasil, só a passeio. Posso mudar de ideia ao longo dos anos, mas isso é por agora.
Ou seja, o ideal é que se tenha um objetivo em mente, mesmo que isso mude depois. Eu sempre digo que a experiência vale, mesmo que tenha sido desastrosa. Na pior das hipóteses seu inglês vai melhorar, você vai ter conhecido outro país, outra cultura e com sorte vai ter juntado algumas histórias pra contar. Se puder eviter a parte ruim, melhor. E planejar e se preparar são as palavras! 🙂
O quanto você se preparou? Qual seu nível de escolaridade? Sua profissão?
Nada impede que você venha morar EUA sem falar uma palavra de inglês, mas se seu objetivo é vir trabalhar aqui, quais as chances você tem? Algumas, eu sei. Existem vários sub-empregos onde você não precisa falar inglês. E até empregos em bancos internacionais onde talvez seu português seja suficiente, mas isso diminui muito suas chances e seu salário. Portanto, se tiver chance, um curso, mesmo que básico, ajuda. Curso universitário é controverso, mas é sempre melhor ter um. Isso não é garantia de nada, aviso logo. Estamos cheios de diplomados sem um emprego por aí e por aqui. O mundo é cruel, eu sei. Não basta ter um curso universitário, tem que ser “O” curso universitário. Pesquisar o mercado, ver o que está em alta sempre ajuda. Se você fez algum curso que precisa ser reconhecido aqui, o diploma ser validado, pesquise antes. Pesquise, pesquise, pesquise. Internet está ai pra isso.
Eu me preparei?
A resposta é: sim! Fiz um curso universitário de 2 anos e meio na Estácio de Sá em Redes de Computadores e depois comecei uma pós graduação em Engenharia de Software que abandonei faltando oito meses pra acabar. Essa é uma das decisões que gostaria de ter pensado um pouco mais, porque hoje, estou aqui, querendo fazer uma pós graduação e tenho que completar o bacharelado primeiro. Pagando caro, muito caro. No meu caso, a universidade não foi essencial pra eu conseguir o emprego, o que contou foram meus 15 anos de experiência. Mas se eu quiser crescer por aqui, Bacharelado é o mínimo e Mestrado é quase uma obrigação. Fiz inglês no Brasas e toda oportunidade que eu tinha pra praticar inglês, eu aproveitava.
Que tipo de trabalho você espera conseguir? Você quer trabalhar legalmente? Com visto de trabalho?
Você quer um emprego na sua área de estudo ou profissão? Ou serve qualquer emprego? Essa é a parte mais difícil, porque é lógico, se a gente puder escolher, vai querer o que a gente faz melhor. Mas e a realidade? Essa é bem diferente. Sua área tem demanda nos EUA? É preciso alguma especialização? Credenciamento? Você quer vir trabalhar de qualquer coisa? Limpar casas? Tomar conta de criança? Ou quer ser Au-Pair? Quer fazer apenas um intercâmbio, trabalhar por alguns meses e voltar?
A minha realidade:
Eu tinha muito claro na minha cabeça que eu queria trabalhar na minha área, com visto de trabalho e tudo certinho. Em uma das vezes que vim pra tentar um trabalho, estava com pouca grana e tive que fazer bicos aqui e ali. Eu sempre conseguia dar aulas de informática, consertar um computador, montar computadores, fazer páginas pra internet. Qualquer coisa valia. Fora isso, fiz uns trabalhos gerais quando a grana apertou muito e nada aparecia. Mas meu objetivo era conseguir um visto de trabalho, portanto, eu ficava no país só tempo suficiente pra fazer contatos e não ultrapassava os limites de tempo dados pela imigração.
Um lembrete: ficar ilegal é o primeiro passo pra não conseguir um visto de trabalho. Não acredite em histórias de quem veio aqui, ficou ilegal e depois de anos conseguiu se legalizar. Isso aconteceu antes. Agora, é praticamente impossível! Antes, as agências de imigração não eram conectadas, agora, todas as suas informações, desde quando você entra no país, estão gravadinhas no computador e são compartilhadas entre as agências.
Saudades da família: quanto custa?
Pra mim, essa é a parte que custa mais caro. Vou ao Brasil pelo menos uma vez por ano e trago minha mãe pelo menos uma vez por ano. Isso quer dizer gastos de passagem, visto, hospedagem, passeios. Aqui e lá. E garanto, é o dinheiro mais bem gasto do ano inteiro! Porque pra eu manter a sanidade, preciso disso. Não abro mão. Mas isso significa abrir mão de outras coisas. Dinheiro guardado no banco, por exemplo. Mas pergunta se eu trocaria: não! O dinheiro que eu guardo tem sempre destino certo: me proporcionar momentos de felicidade e como isso está quase sempre diretamente ligado com a família, já viu né?
Tem os que optam por não voltar ao Brasil, ou não trazer ninguém pra visitar pra economizar dinheiro. Eu bato palmas, admiro de verdade quem consegue. Mas não dá pra mim.
Tem os que não podem sair do país. Porque estão ilegais ou não têm dinheiro. E esses pagam um preço alto. Mas como tudo na vida, existem opções e “opções”.
Portanto, antes de vir, pese bastante esse lado da história. E por último, pelo menos nesse post, vamos analisar o último ponto:
Que tipo de vida você quer levar aqui?
Isso vai depender muito do seu tipo de trabalho e seu objetivo. Moradia, alimentação e diversão são três fatores a se considerar neste aspecto.
Moradia:
Você pode optar por morar com 1 ou 2 roommates, morar só, alugar um quarto na casa de alguém. Pra economizar dinheiro, tem grupos que alugam uma casa de 5 quartos e moram de 15 a 20 pessoas na mesma casa. Tem gente que prefere morar longe e passar duas horas no trânsito pra chegar ao trabalho, pra pagar um aluguel mais barato. Alguns trabalhos, como Au Pairs por exemplo, tem hospedagem garantida. Na maior parte dos casos, as vantagens são pagar menos. Se você resolver morar só, além de ter um bom emprego que respalde toda a documentação exigida pra se alugar um apartamento, vai ter que arcar com todas as despesas, o que não é pouco. Dependendo da cidade nos EUA isso pode sair mais caro ou mais barato, portanto, pesquisar antes de se mudar de mala e cuia pra uma cidade é fundamental! Na Flórida, os preços são quase metade dos daqui em DC. Nova York, Los Angeles, Chicago também são outros exemplos de cidades caras. Mas em compensação, os salários pra empregos tradicionais são bem maiores.
No meu caso, agora moro só, perto do trabalho e gasto 1/3 do meu salário só com moradia. Mas já morei com roommates, fiz sublets, aluguei quarto na casa de alguém, morei longe do trabalho e pra mim não compensa. Às vezes o barato sai caro e hoje em dia prefiro ter meu próprio espaço.
Atualização: Quando escrevi esse post era solteira e morava só. Hoje em dia estou casada, com dois filhos e ainda moramos na área de Washington DC, mas numa casa num bairro mais afastado do centro.
Alimentação:
Comida aqui não é barata. Frutas e legumes são caros. Você pode viver de McDonald’s Dolar Menu ou de sopa enlatada. Mas se quiser ter uma vida “normal”, precisar comer fora, os gastos aumentam consideravelmente. Alimentação, no meu caso, é onde eu faço o balanço do mês. Se estou com grana, como fora direto (detesto cozinhar, lembra!), se a grana tá apertando, faço comida e levo pro trabalho. Tento aproveitar promoções aqui e ali no supermercado e dependendo de onde você mora, existem supermercados populares com preços mais em conta. Mas leve em consideração esse fator, porque além de tudo, você não vai encontrar
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